19/101. The Forest Of Love (2019)
Nota: ⚡⚡⚡½
Dir.: Sion Sono
Na nossa primeira aventura na obra do diretor japonês, saímos com opiniões divididas. Mas uma coisa é consenso: este não é um filme pra quem não tem estômago.
Entre os assuntos abordados há sequestro, abuso, misoginia, violência física, sexual e emocional; manipulação emocional, trauma, suicídio, tortura e assassinato. E se falando assim parece apenas choque gratuito, é importante ressaltar que o filme foi parcialmente inspirado por uma série de crimes reais, que são ainda mais cruéis e inacreditáveis que os vistos em tela.
De alguma forma, porém, Sion Sono consegue manter o espectador engajado desde o primeiro minuto, e não importa o que apareça na nossa frente, nós precisamos descobrir aonde vai parar essa loucura, o que acontecerá com as personagens. A cinematografia e música são lindas, a direção de arte, impecável.
A floresta é um lugar perigoso, onde alguém se perde facilmente. O amor é um sentimento conflituoso, que pode ser confuso e, não raro, trágico. Nesta floresta do amor, ninguém é inteiramente confiável.
Há uma sexualidade que permeia tudo, em meio ao fatalismo que se conecta com o tema recorrente de Romeu e Julieta. Muito do filme se pode enxergar pela lente shakespeariana. É um schadenfreude, um fascínio com os extremos que a psique humana alcança, um acidente de trem que não conseguimos parar de olhar. Há um filme dentro do filme que apenas ressalta esse aspecto.
No entanto, pode ser muito longo e cansativo para alguns, e gráfico demais para outros. Há algumas coisas muito surreais para engolir, como o pretenso carisma de Joe Murata, e a facilidade com que ele domina as pessoas. Falta verossimilhança.
Outrossim, as performances são assombrosamente sólidas, especialmente as jornadas de Taeko e Mitsuko. No fim, parece que o início foi há mil anos — o que não é necessariamente ruim, dado o ritmo acelerado; mas com a quantidade de acontecimentos e o escalar da situação, temos a impressão de acompanhar um épico.
Uma versão estendida está disponível na Netflix, com quatro horas divididas em seis episódios. Intitulado The Forest of Love: Deep Cut, a minissérie reorganiza a ordem de alguns fatos, trabalhando mais o suspense que a violência; o drama de Eiko e os temas envolvendo Romeu e Julieta são melhor explorados, e novas interpretações se tornam possíveis para o destino de algumas personagens.
Em última análise, The Forest of Love pode ser muitas coisas, repugnante ou fascinante — mas esquecível, jamais. 🦉
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