16/101. Sokout (1998)

Nota: 🥁🥁🥁½
Dir.: Mohsen Makhmalbaf

O cinema iraniano é uma boa pedida para quem se interessa por filmes de argumentos simples e temas cotidianos que apresentam um recorte corriqueiro da vida.

Sokout narra a trajetória de Khorshid, um garoto cego que desenvolve uma audição ímpar e trabalha como afinador de instrumentos. Khorshid e sua mãe, uma pescadora, se veem ameaçados de despejo quando lhes falta o dinheiro do aluguel. O garoto precisa falar com seu patrão a fim de conseguir um adiantamento. O filme acompanha sua jornada de trabalho, o caminho de casa à oficina, e a relação tensa entre ele e seu patrão, bem como com a jovem órfã Nadereh, que ajuda na oficina e acompanha Khorshid devido a sua deficiência visual.

É um filme que se faz em pequenas contradições: chama-se O Silêncio, mas é rico em uma variedade de sons que engradecem a experiência; Khorshid é um apaixonado por música e pelos barulhos da cidade, mas depende da quietude (e tapa os ouvidos) para manter a audição aguçada; o som das batidas na porta — que significam a cobrança do senhorio — reproduz a introdução da quinta sinfonia de Beethoven, e é o mesmo que o garoto busca reproduzir com maestria em momentos lúdicos e bastante poéticos. Soa como uma forma de descobrir o prazer da arte no meio da miséria e banalidade do trabalho.

Costume entre os diretores iranianos na da década de 1990, o tema da infância entrecortada por dilemas da vida adulta é uma constante. Ah, e o elenco é formado por atores amadores, então já não esperávamos atuações majestosas, exceto por alguns personagens que realmente conferem um brilho especial ao filme em seus poucos minutos de tela, como o velho pescador e o balé da pequena Nadareh. O plano-sequência final é um verdadeiro espetáculo.

Repitam comigo: BA BA BA BAAAAAM! 🐋

Segue a gente no Insta! ~> @101filmescomjade