13/101. Shin Godzilla (2016)

Nota: 🦎🦎🦎🦎
Dir.: Hideaki Anno

“Um deus encarnado. Uma cidade condenada.”

Shin Godzilla (pode ser entendido como “Novo Godzilla”) é basicamente uma reimaginação do original de 1954. Antes do Calangão se tornar o “defensor da Terra”, ele um dia foi uma alegoria para a ameaça nuclear, e a profunda cicatriz na consciência coletiva do Japão após duas bombas atômicas lançadas contra centenas de milhares civis.

Godzilla original, de 1954.

Se, naquele filme, Godzilla é um subproduto da guerra nuclear e precisa ser destruído a todo custo, não importa o quanto o país sofra; aqui, ele emerge como consequência da irresponsabilidade ambiental, não só do Japão, mas do mundo.

Shin Godzilla é, porém, antes de tudo, um thriller político. Com cortes rápidos e dinâmicos, múltiplos lugares e personagens, o filme faz os longos e exaustivos dias das autoridades de defesa parecerem tão terríveis quanto realmente seriam, ao combater a calamidade. Afora os impressionantes efeitos práticos, é quase como se assistíssemos a um documentário.

Novamente, a humanidade está em foco, e, ainda que seja triste a ideia de matar tal magnífica criatura, é uma situação absolutamente sem saída. Imune ao poderio bélico convencional, e alimentando-se de radiação, Godzilla se prova um desafio colossal, que precisa ser enfrentado por um esforço internacional. E portanto, primeiro, precisa ser estudado.

Tal como as mudanças climáticas que logo destruirão o mundo habitável como conhecemos, cada vez que Godzilla está na tela é um momento de terror. Tensão, angústia, medo, pânico; mas principalmente um terror paralisante frente a uma ameaça que não temos meios de enfrentar.

E, tão certo quanto a devastação ambiental, você sabe que o bafo nuclear vem. Mas quando ele vem…

O gigantesco Hideaki Anno (Neon Genesis Evangelion) se prova um prestígio ao transpor o sufoco dos anos 50 para nossos dias, com maestria que funciona tanto diegética quanto simbolicamente. O Rei dos Monstros nunca esteve tão assustador na tela.

Eu só queria que tivesse um mamaco em Tokyo, ver se sobrava ao menos um espetinho. 🦉

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