09/101. Promising Young Woman (2020)
Nota: 👄½
Dir.: Emerald Fennell
Exceto pela boa edição, atuações competentes e uma bela direção de arte; assim como a protagonista, este filme não passa de promissor. Tem um bom argumento, mas muito mal executado.
E, vem cá, talvez este seja um problema do subgênero “vingança feminina” como um todo. Que me desculpem os fãs, mas é angustiante perceber como a maioria desses filmes aborda violência de gênero, abusos e traumas sob a ótica de personagens mal construídas, o que termina sendo um desfavor à causa; uma alienação daquilo que pretende criticar.
Com exceção de Shoshanna, a Noiva e, talvez, Lady Vingança, essas personagens geralmente beiram a insanidade e têm um senso de justiça tão deturpado que pouco despertam empatia real no público. Suas motivações são deslegitimadas em vista de uma obsessão (leia-se: “roteiro raso”) que vai se tornando progressivamente sem sentido à medida em que a narrativa avança.
Nesta iteração, Cassie (Carey Mulligan) era uma estudante de Medicina com um futuro promissor, mas acaba abandonando a carreira depois que sua melhor amiga é abusada por um grupo de garotos da faculdade. Após essa experiência traumática, ela mantém uma vida dupla, trabalhando num café durante o dia e saindo para “caçadas” à noite. No estilo “loba em pele de cordeiro”, Cassie finge estar bêbada, quase inconsciente, para atrair homens que tentam tirar proveito do seu suposto estado de vulnerabilidade, e então… ela “se vinga”.
Promising Young Woman é irresponsável ao ponto de criar uma atmosfera de simpatia para com os homens dos quais Cassie deseja se vingar. E se a intenção era nos deixar em um dilema moral, falhou. Se era explorar uma pegada de humor ácido, não foi nada bem.
Lamento dizer que o ponto mais alto é ouvir Toxic no violino. Não fosse o compromisso de escrever sobre, isso seria exata e somente o que gostaria de dizer acerca do filme. 🐋
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