07/101. Judas and the Black Messiah (2021)
Nota: ✊🏿✊🏿✊🏿½
Dir.: Shaka King
Eu sou um revolucionário! E vocês terão que continuar dizendo isso. Vocês terão que dizer: eu sou um proletário; eu sou o povo!
Ao se propor a cobrir a ascensão, obra, queda e legado do revolucionário comunista Fred Hampton, do Partido dos Panteras Negras, em oposição à dura tragédia de seu assassino, William O’Neal, a produção joga nas costas um peso maior do que pode suportar.
Embora música e fotografia mereçam destaque, a narrativa se esmiúça, recortes de momentos que simbolizam marcos históricos e a passagem do tempo. Talvez por ser um filme comercial, não arrisca tanto quanto aqueles que o inspiraram. Precisava de pelo menos mais uma hora para desenvolver seus personagens e temas de forma a fazer jus à imensa sombra de Hampton, e ao trabalho dos Panteras naquele período.
Por outro lado, para o espectador que pouco ou nada conhece sobre a história real, é um filme muito bem construído no intuito de mostrar quem foram os Panteras Negras, como e por que foram revolucionários; e por que, a despeito das diversas gangues e organizações formadas por negros nos EUA, apenas eles foram especialmente alvejados pelo FBI. Por que um grupo de pessoas negras e adeptos à causa, organizado a nível nacional, incomodava tanto o Tio Sam. Por que os Estados Unidos da América precisaram forjar uma guerra para suprimi-lo.
Apesar da idade avançada, Daniel Kaluuya incorpora com louvor o espírito de Fred Hampton (assassinado aos 21), com sotaque e idioleto perfeitos, impossível não notar. Junto a LaKeith Stanfield, entrega os melhores momentos do filme. Tensão, euforia, amargura, ódio e esperança, tudo canalizado entre os dois astros.
A personagem de Jesse Plemons, agente do FBI que contrata o informante Bill O’Neal, também é digna de nota: mesmo enquanto humanizado, não tem redenção de sua parte nos crimes perpetrados pelo Estado. Aquilo que oprime os negros — e pardos, e latinos, e pobres e trabalhadores — não é a mera vontade de um governante, mas toda a estrutura social na qual estamos inseridos. E o agente Roy Mitchell sofre isso na própria pele.
Assim, com elenco estelar e roteiro competente, o filme acerta alguns tiros, mas acaba errando o headshot. Se não está à altura da figura histórica que retrata, ao menos pode informar e provocar aqueles que não a conhecem.
Se nada mais este filme fizer por você, deixe que ele te radicalize. 🦉
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