06/101. Inferninho (2018)
Nota: 🚬🚬🚬🚬
Dir.: Pedro Diógenes e Guto Parente
Inferninho é um bar periférico que serve de refúgio para gente que não é bem-vinda em lugar nenhum; exceto para sua dona, Deusimar, que sonha em deixar tudo para trás e conhecer o mundo. Assim, pelo ponto de vista dela, nunca deixamos o interior do bar, o que constrói uma claustrofobia que só se intensifica quando os conflitos entre desejos e necessidades das personagens entram em choque.
É difícil falar dos temas aqui explorados sem entrar em spoilers, mas basta dizer que aborda uma série de antíteses: Exílio x Lar; Privação x Liberdade; Amor x Objetificação sexual; Companheirismo x Coleguismo; e o faz sem medo de retratar e afirmar sua identidade, a despeito de nunca especificar em que lugar e época o Inferninho existe.
E talvez essa seja a questão. Não importa em que ponto do tempo-espaço você se encontre, se é aquele lugar, ou grupo, ou pessoa, é o que se pode chamar de lar. São pessoas simples… lidando com questões muito complexas.
O filme utiliza elementos narrativos do teatro de forma bem executada. Não é pra menos, já que é estrelado pelo renomado Grupo Bagaceira de Teatro, há 20 anos na ativa. Destaque para a atuação de Rafael Martins, o Coelho, e a espiral de emoções de Deusimar, encarnada por Yuri Yamamoto. Sem mencionar a trilha sonora, muito dialógica com o enredo.
Fantástico num nível técnico, este é um filme tão contemplativo quanto visceral, onde som e imagens guiam os sentimentos sem ceder ao tédio. Nenhum plano, cena ou linha é sem propósito. É um filme curto, porque tem o tempo que precisa ter. É o seu tempo de vida. E nada é desperdiçado.
É a tua vida, Deusimar. Não a desperdice. 🦉🐋
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